quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O HINO E A LEI


Ontem começou a primavera. Com ela, a vigência da Lei n.º 12.031, a qual institui a obrigatoriedade da execução, uma vez por semana, do Hino Nacional Brasileiro nas escolas públicas e privadas de ensino fundamental.

Não sem razão, a ordem legal vem logo após a publicidade dada à, digamos, apresentação da cantora Vanusa no Primeiro Encontro de Agentes Públicos na Assembléia Legistaviva de São Paulo. Quem ainda não assistiu o espetáculo pode acessar em http://www.youtube.com/watch?v=6w9MpztV4gk&feature=fvw, mas se prepare para uma cena de forte constrangimento.

Chegou-se a noticiar que a loira estava bêbada, mas ela atribuiu suas condições à ingestão de um remédio para labirintite associado a um calmante. De uma cantora, dita, profissional, o mínimo que se espera quando convidada (contratada?) para um evento desses, é o conhecimento da letra da música a ser executada. Mas... atire a primeira pedra quem não tropeça nos rococós poéticos do nosso Hino.

Convenhamos, o poema não é fácil. Contudo, contém versos e imagens de profunda beleza. Mais que isso, retrata as atitudes e comportamentos que, no dia-a-dia, manifestam - ou deveriam manifestar - os cidadãos brasileiros assumidos como fundamentais para a vida coletiva do povo brasileiro.

Resgatar nosso patriotismo, manifestado tão bravamente a cada quatro anos nas Copas do Mundo, é tarefa árdua para uma Nação castigada pela violência em todas as suas manifestações,  maltratada pelas carências de alimento do espírito e do corpo, que vai se submetendo a uma horda de gestores corruptos, cercados de interesseiros e "fantasmas".

Obrigar as crianças a cantar a música de Francisco Manuel da Silva, com letra de Joaquim Osório Duque Estrada, não é uma solução. No entanto, desde que se ensine os sentidos por trás das palavras, pode ser um bom passo. 

Assim, parafraseando a crônica de Cecília Meirelles, a primavera do civismo chegará, "mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la."

"Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu."
Cecília Meirelles



Nenhum comentário:

Postar um comentário