quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os Meus Dez Mais de 2010

É comum, ao fecharem as cortinas de uma temporada, fazer-se balancetes, avaliar resultados, verificar o quanto caminhamos para uma humanidade melhor... ou para o fim do mundo "dito" civilizado. Para mim, o que nos aconteceu de bom deve sempre marcar as lembranças a serem registradas.

Pois eu também vou me arriscar a fazer uma lista (em alguns pontos, um tanto particular, devo confessar). Então, lá vai meu registro. A ordem é abstolutamente aleatória.

1) Fim da "Era" Lula: para o bem (ou para o mal), há de se reconhcer, nosso quase ex-Presidente é um fênomeno de popularidade. Com certeza, sua política assistencialista é a maior razão disso. Mas, a fome não é a melhor das conselheiras, e não se pode negar os méritos experimentados nesses oito anos.Diziam que ele transferiria votos até para um poste. Fez muito mais que isso...

2) "Sua Incelência Ricardo III": o grupo "Clowns de Shakespeare", sob a direção do brilhante Gabriel Vilela levou aos palcos (no sentido figurado, já que o espetáculo ocupou espaços deliciosamente mambembes), uma criação que me levou a 80 minutos de puro êxtase artístico.

3) Facebook/Wikileaks: a rede já havia deixado de ser apenas um aparato para cochilos depois do almoço pra estabelecer padrões de comportamento. Esses dois fenômentos (Facebook/Wikileaks) se inseriram - o primeiro - nas relações humanas como suporte para contatos e milhões de amizades virtuais (no mais das vezes, tão reais ou realizáveis...) e - o segundo - na exposição de realidades institucionais marcadas pela hipocrisia. Revoluções, revoluções, revoluções...

4) Sociedade Argentina: nossos amigos portenhos legalizaram os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Lição de civilidade e respeito às diferenças num Estado verdadeiramente laico.

5) Chá da Alice/Gambiarra: as festas no Rio são certezas de diversão!

6) Artes Plásticas: esse ano, meus aplausos vão para as exposições de José Bechara e Anita Malfati, e a polêmica participação de Gil Vicente na Bienal de São Paulo. Adorei!
7) Sete anos: crises e superação. O amor está no ar!!!!!

8) Hair: a montagem brasileira do espetáculo mítico da Broadway, escrito por George Ragni e James Rado, aqui conduzido pelos talentosos Cláudio Botelho e Charles Möeller, celebrando a filosofia de "paz e amor", além da inquestionável qualidade artística, fez lembrar que guerras - interiores ou entre nações, no seio da família ou nos campos de batalha, com as pessoas que nos rodeiam ou em distantes países - são sempre estúpidas.

9) Buraco da Catita: depois de uma quase interminável reforma, o espaço mais gostoso de Natal reabriu suas portas, com a mesma qualidade das atrações musicais e da cerveja gelada, para o público descolado que está sempre por lá.

10) Anivershow e Carreira Solo: minha vida pessoal!!! 45 anos completados em outubro, com uma experiência musical-teatral-festiva, e o apoio luxuoso de Henrique Fontes, Diogo Guanabara, Henrique Pacheco, Sami Tarik, Laurence e Monique. Muito emocionante. Marcou também o início da carreira advocatícia solo: depois de mais de 10 anos sob a sombra de uma frondosa árvore (que não me deixava mais crescer), e uma frustrante tentativa de parceria (a decepção do ano!), me arrisquei sair à luz do sol, montando meu próprio escritório. Estimulante amadurecimento.

Que venha 2011, com mais motivos para alegrias!!!! Saúde e Paz pra todo mundo!!!!!!!!!!!!!!






terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Então, é Natal!!!

Essa música sempre me incomodou: "Então é natal, e o que você fez?" Credo, parecia uma cobrança. Nunca me acostumei com essa idéia. Sempre imaginei que essa época do ano, independente de credo, cor, time favorito ou tamanho do pé fosse o momento para exercitarmos os sentimentos que deveríamos externar o ano inteiro: tolerância, amor, solidariedade...
Então, é Natal... que esses sentimentos possam inundar sempre vocês.
E vejam que filminho lindo: http://www.youtube.com/watch?v=tgtnNc1Zplc
Feliz Natal, amigos digitais!
Beijos.

PS. Depois do Facebook (que egorda escandalosamente a conta bancária do seu criador, fiquei tão relapso com esse blog... Perdão aos meus fiéis seguidores. Um beijo especial pra vocês.)

Árvore de Natal em Natal (este ano ficou bonitinha!!!)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE


A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou 500 mil pessoas em repúdio ao comunismo. O que se seguiu, todo mundo sabe.

Mas, o título bem serveria para a "carta mensagem" divulgada hoje pela candidata à Presidência da República Dilma Rousseff. Nela a presidenciável renega sua posição favorável à discriminalização do aborto, manifestada mais de uma vez no passado recente (por exemplo, em sabatina na Folha em 2007 e em entrevista em 2009 à revista "Marie Claire"). Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o "texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão". Arremata dizendo que a família será o foco de seu eventual governo.

O documento opta por se esquivar de "temas tabus", fugindo de se posicinar diretamente acerca  da polêmica em torno da união civil entre homossexuais, adoção por casais gays, ou regulamentação da prostituição (temas que faziam parte do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, o qual, segundo a candidata está sendo "revisto"), sustentando que, se eleita, não pretende promover "nenhuma iniciativa que afronte à família".

Tão em cima do muro que parece coisa de tucano. 

O documento foi produzido sob a pressão de lideranças religiosas. Mas... nosso Estado não é laico???

Tomo a liberdade de transcrever o comentário do meu amigo Robson Medeiros:

"Diante da "agenda religiosa" dos candidatos Serra e Dilma, na reta final das eleições, a verdadeira vencedora das urnas será a hipocrisia. Num piscar de olhos, voltamos às trevas da Idade Média e aos calabouços da ignorância, do preconceito e do atraso. Pobre país do futuro".




quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O PARADOXO TIRIRICA

"Qualé? Qual foi? Por que é que tu tá nessa?" Foi por causa da Florentina, Florentina de Jesus... E lá vai ele, tomar assento no Congresso Nacional, com o indiscutível respaldo de mais de um milhão e trezentos mil votos do estado mais desenvolvido (sic) do País.

Há quem diga que foi protesto. Há quem diga que é a legítima representação de um povo igualmente semi(an)alfabetizado. Um golpe de marketing, com certeza. A campanha, como não podia deixar de ser, foi uma palhaçada de indiscutível apelo popular. 

No entanto, para saber exatamente a troco de quê ele foi catapultado nessas eleições, acho que precisamos refletir sobre o Partido que o lançou, afinal de contas impulsionado pelos votos dos dois deputados federais mais votados do país, o Partido da República conseguiu praticamente dobrar o número de eleitos na Câmara dos Deputados em relação a 2006, e é o partido com a quinta maior bancada.

O Partido da República nasceu no final de 2006 como resultado da fusão do PL (Partido Liberal) com o Prona (legenda criada por Enéas Carneiro 1938-2007). Em 2009, ganhou filiados e inchou, com a chegada de nomes como Clodovil Hernandes, que Deus o tenha.

Ok, ok... o Brasil não tem lá uma grande história de força dos partidos políticos. Mas... é um indício. Ver o ilustre deputado na companhia de Inocêncio de Oliveira (lembra dele? memória curta, né?) e Anthony Garotinho dá "meda"!!!

E, contrariando o slogan da campanha, eu acredito que nada é tão ruim que não possa ser piorado.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Apologia?????

O Presidente da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Luiz Flávio Borges D'Urso, divulgou nota pública informando que estava oficiando os curadores da Bienal de Arte Contemporânea de São Paulo para que as obras da série "Inimigos", do artista plástico pernambucano Gil Vicente (http://www.gilvicente.com.br/) não fossem exibidas naquela importante mostra. O argumento:

"Certamente não se pode impedir que uma obra seja criada, mas se deve impedir que seja exposta à sociedade em espaço público se tal obra afronta a paz social, o estado de direito e a democracia, principalmente quando pela obra, em tese, se faz apologia de crime."

Falta de conhecimento sobre arte? Falta de espírito democrático? Falta do que fazer? Indagações, indagações, indagações...

Ora, Senhor Presidente, representar artisticamente um crime não equivale a recomendar sua execução. Assim, retratar um assassinato não significa fazer apologia ao homicídio. É o espectador quem dará significado aos desenhos de Vicente. A obra de arte é apenas uma representação que adquire valor subjetivo para quem a observa.

Vossa Excelência imagina que a representação de Jesus Cristo martirizado é a incitação à cruxifição? Credo!

Se a liberdade de expressão é um valor a ser defendido, e isso a OAB que eu conheço sempre prezou, o que dizer da liberdade de expressão artística? A tentativa de controle social por meio da supressão de obras de arte chama CENSURA.

É isso que o Ilustre Senhor Presidente da OAB/SP está promovendo. Ainda bem que a minha seccional é outra.


Autorretrato matando Ahmadinejad, 2010, carvão sobre papel, 200 x150 cm
GIL VICENTE

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Buraco da Catita - Nota de Esclarecimento pela Diretoria

Pela Direção do Buraco da Catita
enviado por e-mail

A respeito do fato lamentável ocorrido na madrugada desta sexta (2), o Espaço Cultural Buraco da Catita esclarece:

O crime aconteceu na rua CÂMARA CASCUDO (e não dentro do Espaço Cultural ou no largo da Catita), no momento em que o estabelecimento estava cerrando as portas, finalizando o expediente.

Os envolvidos, que estavam nas proximidades na hora do ocorrido, não eram clientes do estabelecimento, nem participavam da festa. Segundo informações da polícia e da imprensa, os dois homens que morreram são operários de uma construtora. Eles eram de Ceará-Mirim e trabalhavam em um empreendimento próximo ao local onde foram assassinados.

O Buraco da Catita desde que reabriu tem procurado tanto a SEMSUR (solicitando fiscais para ordenamento dos ambulantes), quanto o COMANDANTE DA POLICIA MILITAR. Para esse último, através de um ofício, solicitou uma ronda policial permanente no local nas 5as e 6as. O Coronel nos recebeu pessoalmente no dia 17/08 (temos cópia do ofício com o "recebido"), foi muito simpático e prometeu que atenderia nosso pleito.

Por fim, esperamos que tudo isso seja uma oportunidade de debate e para que todos se unam (empresários, sociedade e poder público) por uma Ribeira verdadeiramente revitalizada e SEGURA.

Direção do Buraco da Catita.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Evolução ou mistificação?

As varas da Fazenda Pública da Comarca de Natal são – ou eram –, notoriamente, as mais morosas da Justiça Estadual do Rio Grande do Norte. Estou certo que muita gente há de discordar, afinal de contas, a disputa é acirrada.


Talvez por isso – ou apesar disso – foram elas as primeiras da justiça comum a enveredar pelos caminhos do processo virtual.

Maravilha! Nada mais de amontoados de autos bolorentos provocando rinites intermináveis!!!

Pois é. Não façamos um julgamento em tempo real. Não está sendo tão bom assim.

Fui hoje distribuir uma ação ordinária da competência da Fazenda Pública, tudo bem digitalizado no meu recém-adquirido “pen drive”, em arquivos PDF (como exige a preferência do sistema), mas com a papelada toda debaixo do braço. Devo confessar, sob o risco de revelar o amarelo da minha certidão de nascimento, que as modernidades eletrônicas que nos livrarão do papel me assustam um pouco.

A tarefa que, em tempos de justiça lenta, levaria não mais que cinco minutos, me tomou mais de duas horas. Isto para ultrapassar o juízo de admissibilidade dos limites de tamanho de arquivo, da necessidade de passar os registros do pen drive para um CD (a razão para isso ultrapassou os limites do meu entendimento, já que o computador aceitava um e outro), e outros percalços mais prosaicos (“Dr., o sistema não permite cadastrar ‘Ação Ordinária’. Pode ser ‘Procedimento Ordinário’?).

Ah... a papelada foi útil.

Primeiro, porque precisei re-digitalizar dois arquivos que estavam maiores que a capacidade de admissão do “sistema”. Na minha matemática pré-informática, um mais um era igual a dois. Para o ajuizamento da minha ação, um mega mais um mega é diferente de dois megas. Vá entender.

Por fim, o recibo do ajuizamento da ação não pode ser eletrônico. Houve a necessidade da velha e boa contra-fé na minha cópia. Em papel.

Em tempo: eu adoro a modernidade. Desde que venha para facilitar nossa vida! Hoje, não foi o caso.



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UM PROGRAMA MUITO ESPECIAL

Desde março de 2004, a TV Brasil leva ao ar o Programa Especial, dedicado à inclusão social da pessoa com deficiência, abordando questões como acessibilidade, interação social e superação.

Produzido pela "No Ar Comunicação"; da brilhante Ângela Patrícia Reiniger (leia-se, também, a premiada diretora do documentário "3 Irmãos de Sangue"), o Programa Especial ultrapassa os limites da informação, do entretenimento e do incentivo, para alcançar o status de exemplo. Afinal de contas, se a palavra convence, o exemplo arrasta. No casting da produção encontramos um repórter cadeirante elaborando matérias (e praticando) esportes radicais (o super alto astral José Luis Pacheco), uma entrevistadora com Síndrome de Down (a doce Fernanda Honorato) e a atuação perspicaz de uma apresentadora também cadeirante (Juliana Oliveira).

O Programa é ainda transmitido com janela para tradução à linguagem do sinais, legenda e áudio descrição para permitir o acompanhamento pelo maior número de pessoas possível.

A idéia é combater o preconceito pela informação, pois toda vez que "o programa divulga casos bem sucedidos de participação de pessoas com deficiência na sociedade, um número cada vez maior de pessoas percebe que é possível vivermos em uma sociedade inclusiva", conforme registra o site oficial (http://www.programaespecial.com.br).

O Programa Especial vai ao ar toda sexta-feira às 19:30h, pela TV Brasil. Vale a pena acompanhar.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

UMA PISTA DE POUSO... E NADA MAIS

Na semana passada, questionado acerca das obras necessárias à Copa de 2014, o Secretário Geral da FIFA, Jerome Valcke, relacionou o que falta: "Precisamos construir estádios, estradas, sistema de telecomunicações, aeroportos e ver se há mesmo a capacidade suficiente em hotéis". 

Quase nada...

Em Natal, a questão "aeroporto" parecia estar planejada. Em 18 de junho de 2004, o 1º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército havia começado a obra da pista de pouso  (que fica, na verdade, na vizinha cidade de São Gonçalo do Amarante). Naquela época, sem previsão de Copa do Mundo no Brasil, era apenas um exercício de megalomania, já que o aeroporto atualmente em uso (que na verdade fica na vizinha cidade de Parnamirim) até hoje é subutilizado. 

No entanto, passados seis anos, nada, além da pista, progrediu. O Governo Estadual  e a INFRAERO desistiram, há muito tempo, de bancar a obra com recursos próprios. A construção passaria por uma mudança de gestão administrativa de aeroportos no Brasil. Seria permitido, à inciativa privada, erigir o terminal de passageiros e cargas, e, posteriormente, administrá-lo. 

Só que a idéia não sai do papel. O projeto segue a passo de cágado estafado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia atacado quem duvida do Brasil. Não vou me atrever a tanto. Para ele, é "descabido" questionar se o nosso País estará pronto para a Copa, garantindo que investimentos serão feitos e que não faltarão aeroportos. Lula chegou a se irritar com o questionamento. "Se o Brasil não tiver condições, garanto que volto da África à nado", disse.

É, Molusco... começa a treinar. 

Foto: Nominuto.com

sexta-feira, 16 de julho de 2010

BRASIL X ARGENTINA


Pelé, indubitavelmente, foi um atleta muito superior a Maradona. Acho que termina por aí nossas vantagens sobre a vizinha Argentina. Principalmente se considerados os aspectos de cultura e educação.

Um garçon em Buenos Aires é capaz de dar uma aula de distribuição populacional se indagado pelo número de habitantes da capital portenha. La, motorista de táxi pode debater, com fundamentos, a política econômica adotata pelo Governo Kirchner. São dois pequenos exemplos de elevado nível social que vivi pessoalmente.

Esta semana, foi noticiado mais um exemplo dessa distância evolucional entre nós e nossos vizinhos. Enquanto nosso Congresso analisa uma Emenda Constitucional que pode impedir a adoção de crianças por casais homoafetivos, a Argentina passou a permirir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Ponto para sociedade argentina. Lá, vence a universalização de direitos.

Os argumentos utilizados do lado de cá da fronteira são medivais. Um Estado, que deveria ser laico, apela para "ensiamentos" bíblicos. Afinal, a homossexualidade é abominação; está nas Escrituras Sagradas. Assim como comer camarão. Por outro lado, a pena de morte por apedrejamento é autorizada por Deus. 

Eu só me pergunto, qual Deus - o dos católicos, o dos protestantes, o dos mulçumanos, o dos judeus, os vários dos cultos africanos, indianos... - prefere ver crianças em orfanatos a conceder-lhes a possibilidade de um lar, de receber amor, acesso a educação e saúde?

Não posso acreditar que a maioria da população brasileira opte pela intolerância em detrimento da civilidade, que permite a convivência entre os diferentes. É inadmissível que, por uma pretensa inspiração divina, o inferno seja antecipado nesse plano de vida para gays e lésbicas, como se fossem cidadãos de segunda categoria, sem acesso a determinados direitos.

Mais cedo ou mais tarde, os ventos austrais nos trarão respeito à dignidade humana e leis despidas de preconceito.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

EU SOU INSUBSTITUÍVEL!

Recebi esse texto hoje. Não havia indicação do autor... um sábio. Tudo a ver com meu momento.


"Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível".
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada.
De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim. E Beethoven?
- Como? - o encara o gestor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio.
Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram
seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.
Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando
energia em reparar seus 'gaps'.
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se seu gerente/coordenador, ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola,
Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'; ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim:
"Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão
Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos:.. Ninguém... pois nosso Zaca é insubstituível"
Portanto nunca esqueça: Você é um talento único... com toda certeza ninguém te substituirá!
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco  que posso.
O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor." 


EU FAÇO DIFERENÇA. E você também.


terça-feira, 18 de maio de 2010

AS VERSÕES E OS FATOS

Clotilde Reiss é uma estudante francesa. Herdeira, talvez, dos rebeldes da Primavera de 68, ela resolveu protestar em território onde "deus" acha que é crime  se insurgir contra eleições (supostamente) fraudulentas. Ela foi presa no dia 1º de julho de 2009, no aeroporto de Teerã, quando embarcava de volta à sua Paris, da "Liberté, Egalité et Fraternité". Confessou, diante de um tribunal iraniano, ter participado de manifestações estudantis, e, ainda, (pecado dos pecados) enviado um e-mail com fotos e um texto sobre as contestações à eleição do Presidente Ahmadinejad.

Domingo passado, dia 15 de maio, enquanto nosso viajandão Presidente da República visitava o Irã, a jovem regressava à França.

As autoridades diplomáticas brasileiras (entre salamaleques aos mandatários de um país onde as mulheres não disfrutam dos mesmos direitos dos homens, para se dizer o mínimo, e a homosexualidade é considerada crime, punível com a morte) se apressou a divulgar a relevância da intervenção brasileirna no caso. Segundo um ministro brasileiro, ao chegar para um terceiro encontro no dia com Ahmadinejad, durante um fórum empresarial, Lula disse ao presidente iraniano em uma sala privada que estava contente por ter visto na televisão imagens de Clotilde Reiss na França."Foi um presente para o Brasil", teria respondido Ahmadinejad a Lula, segundo a fonte.  

A France Presse narra uma versão diferente. 

"O tribunal condenou Reiss a uma multa de US$ 285 mil que ela pagou esta manhã", teria dito Mohammad-Ali Mahdav Sabet, advogado da francesa. "O caso está encerrado. Reiss poderá deixar o Irã no domingo, depois de recuperar o passaporte no tribunal revolucionário", teria completado.

Esses franceses são terríveis! Querendo amortizar a importância da diplomacia brasileira... Pode?


 Clotilde Reiss - por Parismacht




sexta-feira, 14 de maio de 2010

QUAE SERA TAMEN

Ainda que tardia, haverá justiça?

Mais de vinte e um anos após de ter assassinato de sua EX-esposa,  Maristela Just, e agredido seus dois filhos e seu ex-cunhado, o comerciante José Ramos Lopes deveria ter sido julgado ontem, 13 de maio de 2010, em Jaboatão dos Guararapes/PE.

No entanto, a sessão do Tribunal do Jurí não pôde acontecer, pois o réu não compareceu, frustrando a expectativa daqueles que (ainda) creem ser possível fazer justiça.

O motivo do crime, segundo Gil Teobaldo, pai e advogado do réu, foi legítima defesa... da horna. Essa tese é uma invenção do criminalista Evandro Lins e Silva que, na década de setenta, defendeu Doca Street, assassino confesso de Ãngela Diniz. Na época, colou, e o playboy de boa índole recebeu uma pena irrisória pela morte da lasciva Pantera de Minas de Gerais. Em um segundo julgamento, no entanto, o criminoso foi condenado há uma pena de 15 anos. Pouco, realmente. Muito pouco.

No eco pernambucano dessa obsoleta teoria, encontra-se a desfaçatez do genitor do assassino: "Digo a vocês sem nenhum constrangimento: se não matasse, não comia na minha mesa. Um homem tem que ter brio, tem que ter dignidade, tem que preservar a honra - um homem tem que se sentir acima das circunstâncias". 

Prefiro não comentar.

Os filhos da vítima, Nathália Just (na ocasião do crime, com 4 anos de idade, ela foi atingida no ombro) e seu irmão Zaldo Just (ele tinha 2 anos, e ficou com o lado esquerdo do corpo paralisado por ter sido alvejado na cabeça), prestaram declarações de confiança na Justiça, na esperança de que ela seja feita no dia 1º de junho, nova data do julgamento.

Veja mais informações no blog de Nathalia Just (http://casomaristelajust.blogspot.com/)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

MACHISTA SIMPÁTICO

Adauto Suannes é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Atualmente, divide seu tempo entre os netos e suas (na maioria das vezes) divertidas crônicas no blog  Circus do Suannes (http://www.circus-do-suannes.com/). Semanalmente, escreve para o site jurídico Migalhas (www.migalhas.com.br).

Essa semana, o douto magistrado de pijamas nos brinda com uma espirituosa análise do Curriculum Vitae da canditada do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República (http://www.migalhas.com.br/mig_circus.aspx). Nem sempre "politicamente correto", segundo o próprio, com as escusas da idade, dessa vez ele mostrou uma veia machista que eu, pelo menos, desconhecia.

Ao se referir ao avanço feminino em áreas de atuação até pouco tempo dominadas por homens, ele nos conta:

"Sempre achei que era hora do ingresso de pessoas do sexo feminino na política e na magistratura, muito embora meu amigo e colega Braguinha me comprovasse, de Bíblia em punho, que há absoluta incompatibilidade entre o sexo feminino e a chamada coisa pública. Depois da Marta em São Paulo, a Benedita em Brasília e a Ieda no Sul, fico a cismar se o homem não teria razão. A propósito: alguém aí conhece alguma juíza que vestiu a toga mas deixou a arrogância no armário? Não quero dizer que não exista. Iaque e ornitorrinco, segundo dizem, também existem, mas esses eu só vi em fotografia."

Poxa, Excelência! Conheço magistradas nada arrogantes, assim com conheço (muitos) julgadores do sexo masculino convictos de que a toga é o próprio manto sagrado a lhes conferir divindade. As vaidades humanas (sempre plurais) não acometem exclusiva e generalizadamente às mulheres. Não declino o nome das Juízas, Desembargadoras e até Ministras das quais já tive oportunidade de observar humildade e gentileza, mas estou à disposição para lhes apresentar. Iaques e ornitorrincos, infelizmente não posso.Também só os conheço por fotografias.

 Iaque


Ornitorrinco

quarta-feira, 14 de abril de 2010

CUIDADOS PALIATIVOS NO NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Em cerimônia realizada nesta terça-feira, 13 de abril, autoridades médicas e políticas, entre elas o Ministro da Saúde José Gomes Temporão, celebraram a entrada em vigor do novo Código de Ética Médica.O Ministro Temporão destacou a modernidade dos conceitos abordados na nova norma, ressaltando que "o ser humano deve ser o centro das nossas atenções".

Pela primeira vez, o texto normativo da atividade médica trata de cuidados paliativos, conjunto de técnicas médicas voltadas para pacientes com doenças graves com o objetivo de diminuir seu sofrimento. Diz o texto: "Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal".

Em verdade, trata-se de primazia da realidade sobre o ideal. A medicina reconhece sua limitação científica na dignidade do paciente, no caráter anti-ético do prolongamento artificial do processo de morte, com sofrimento para o doente e seus familiares.

O tema é debatido há alguns anos na Câmara Técnica sobre Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos,  do Conselho Federal de Medicina, onde encontrou eco para as experiências vividas no mundo acadêmico, como as desenvolvidas na Divisão de Neonatologia do Centro de Atenção à Saúde da Mulher da Universidade de Campinas. Ali, a prática dos cuidados paliativos já não é novidade, onde um grupo coordenado pela pediatra JUSSARA DE LIMA E SOUZA, trabalhando além das perspectivas e das possibilidades de cura, busca ajudar pacientes e familiares a ultrapassarem o difícil momento da morte, que marca "uma história de vida, não importa o tamanho que essa vida tenha. Nosso trabalho é cuidar bem dessa história. Da vida", como afirma a médica.

Sim, nossa passagem por aqui é limitada. Sim, haverá dor no momento da partida. Mas, como Drummond já escreveu, "a dor é inevitável. O sofrimento é opcional." Que a medicina continue evoluindo para minimizar nossos sofrimentos.

Em tempo: o sobrenome não é uma coincidência.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

ENCRUZILHADA

Há um ponto onde a estrada se bifurca, o caminho se abre em dois. Voltar é impossível, pois o tempo corrói o percurso por onde já passamos. Algo parecido com futuro nos assombra, como uma lembrança daquilo que ainda não foi vivido. Neste ponto, somos convidados da dúvida. Jogamos com os mistérios das diversas trilhas que se descortinam, as muitas vidas que podemos viver. Gozamos esse momento, como quem goza com a infinita dor e o puro prazer da opção. Nada é o que é. Tudo é interpretação.


segunda-feira, 29 de março de 2010

Páscoa


Em comemoração (?) à Paixão de Cristo, a Justiça Federal suspende, por força de lei, os prazos e expedientes judiciais a partir de quarta feira. Para os religiosos serventuários, o feriado já começa ali, e  a Santa Semana de trabalho tem apenas dois dias. Seria  muito gratificante, entretanto, encontrá-los, todos, no genuflexório.

Parece incrível a busca por desculpas para se furtar ao trabalho –  necessário, urgente e atrasado – da Justiça, neste nosso País de tantas mazelas.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte é muito mais severo: obriga seus serventuários a trabalhar, na quarta-feira, a manhã todinha. Só os libera a partir do meio-dia.

Nada contra as comemorações religiosas – que, por isonomia, até poderiam ser estendidas às demais religiões. Feriados para o Hamadan, Yon Ki-pur, dois de fevereiro, que é dia de Iemanjá, certamente, trariam democracia às festas dedicadas à fé e seus inquestionáveis valores.

Isto é, se realmente fossem dedicados à finalidade a elas destinada. Caso contrário, é a hipocrisia a serviço da indolência. 

Não quero fazer apologia do trabalho em excesso, nem dar argumentos aos “workahoolics” de plantão, afinal, nem sou paulistano. Mas seria muito mais digno se a Páscoa servisse  à sociedade como um momento para refletir sobre a intolerância que levou Jesus à cruz, sobre a esperança no milagre e o exercício do perdão. E não apenas para fazer a festa dos vendedores de chocolate e o cerrar de portas das repartições públicas.

Boa páscoa e boas reflexões para vocês.

terça-feira, 2 de março de 2010

NÃO VÁ AO AL MARE DE PORTO DE GALINHAS

Repito o título para ficar bem marcado: NÃO VÁ AO "AL MARE" DE PORTO DE GALINHAS. Eu não recebi esse conselho e tive a pior experiência de atendimento da minha vida. E posso atestar que meus companheiros de viagem concordam.

Segunda-feira de Carnaval. 15 de fevereiro de 2010. Depois de dois dias de folia entre Olida e o Recife antigo, um grupode de seis amigos e eu optamos por um programa mais light em Porto de Galinhas, em uma festa privada (exclente, por sinal). 

Antes, porém, resolvemos almoçar naquele que nos pareceu um simpático lounge-bar-restaurante na aprazível praia. Realmente, a estrutura é muito atraente. Mas é só. Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento. Depois de quase meia-hora instalados à mesa, sem que nenhum dos poucos garçons se dignasse a olhar para a gente, alguém que me pareceu ser a gerente (ou proprietária) veio a mesa e pediu desculpas pela demora mas estaria designando sua melhor garçonete para nos atender. Mais um tempo interminável até que nos trouxessem o cardápio. Uma amiga pediu um suco. Quase uma hora depois, desistiu e trocou por uma água, na esperança que viesse rápido. Doce ilusão... Os proprietários passavam pela nossa mesa, com uma cara de poucos amigos, e se recusavam a parar para nos ouvir. A mesa não foi preparada, e depois de uma espera indescupável, chegou parte do pedido. (Desistimos de pedir petiscos, com receio de que viessem depois da sobremesa.) Detalhe: não tinham nos entregue os talheres. Havia um balcão com o material de cutelaria próximo a nós, e um rapaz, vestido como se garçon fosse, arrumava as mesas. Depois de desistir de chamá-lo (já que ele se fazia de surdo), levantei eu mesmo e fui ao balcão pegar talheres antes que a comida congelasse. A justificativa dele para não me atender foi inacreditável: "eu não sou garçon." Bem, eu também não sou, mas precisava dos talheres para comer. O gelo, que havia sido solicitado logo que chegamos, e reiteradas vezes pedido novamente, só chegou depois de um amigo tomar a mesma atitude: ir ao bar, pessoalmente, para pegar o balde. Ao chegar, ainda teve a grata satisfação de ouvir da proprietária (ou gerente) dizendo ao garçon: "Leve esse gelo para aquela mesa de enjoados." A "melhor garçonete da casa", apesar de simpática, não conseguiu imprimir eficiência ao serviço e, enquanto nos apresentava a conta, gritava para um colega: "Fulano, atende aquela mesa ali. Meu horário já acabou e estou aqui só fazendo um favor!"

"Aquela mesa ali", depois de muito acenar, levantou e foi embora. Com razão. Como eles, vários clientes já haviam sido destratados, e pudemos ver alguns se retirarem (deveríamos ter feito isso logo no começo), com juras de nunca mais voltar. Nós apenas nos limitamos a excluir os 10% que os caras-de-pau incluiram na conta.

A demora no atendimento não é, por si só, uma razão para tornar o serviço insuportável. Afinal, era Carnaval, talvez a equipe estivesse desfalcada... O que incomodou foi a desatenção, a falta de gentileza (melhor dizendo, a grosseria mesmo) dos proprietários (ou gerentes, não sei bem). Isso, na minha opinão, é indescupável.

A antipatia não é característica dos prestadores de serviço de Porto de Galinhas. Pelo contrário. Por isso, tenho fé que a "diretoria" do "Al Mare" procure outro ramo de negócio e deixe a gastronomia daquele lugar para quem, realmente, sabe e gosta de atender gente.

 
Não se deixe enganar pela bela imagem. O serviço é péssimo!!!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

INTERNET SEGURA


Hoje, 9 de fevereiro, é o Dia da Internet Segura (Safer Internet Day), tradicional evento que desde do longíncuo 2007, mobiliza navegadores em geral para a importância do uso seguro e responsável da web. O Comitê Gestor da Internet (CGI), a SaferNet Brasil e o Ministério Público Federal são os responsáveis, no País, pela realização do evento, criado pela Insafe (http://www.saferinternet.org/web/guest/home;jsessionid=B083A64B9F04DC8C41EE313D54165770).

Nestes tempos onde a privacidade ocupa um espaço cada vez menor, a exposição de dados e informações em redes de contato, em relações de clientes ou prestadores de serviço, voluntaria ou involuntariamente, não deixa de ser um risco.

Todos conhecemos uma história - ou várias - de fotos que inadvertidamente expuseram momentos de intimidade para milhões de curiosos, cartões clonados, mensagens contendo dados não compartilhados. O uso indevido de imagem, fofocas puras e simples, enfim, toda sorte de crimes e ofensas que só existiam no mundo real também podem ser praticados, com requintes de crueldade, no mundo virtual.

Assim como na realidade, a prevenção é o melhor caminho. E não há hipótese de você estar cem por cento seguro. Mesmo que sequer tenha computador, nunca tenha tirado uma foto digital, e tenha ojeriza de relações cibernéticas, pode ter certeza que você está na rede. Duvida? Use o "google".

E, se ainda não estiver, poderá estar, mesmo contra a vontade. Existem milhões de formas e trilhões de mal-intencionados dispostos a descobrir seus "segredos" (desde daqueles de alcova até as tentadoras senhas de banco e cartão de crédito).

Então, o negócio é se cuidar e evitar que informações que possam comprometer sua segurança, como, por exemplo, o dia em que você vai sacar aquela bolada no banco, ou o tempo em que você vai ficar viajando sem que ninguém zele pela sua mobília caríssima e as jóias que você esconde na gaveta, sejam compartilhadas com os internautas. Não divulgue. Não divulge. Não divulgue.

No mais, ficam as dicas mais óbvias do mundo, da cartilha de segurança UOL (https://sac.uol.com.br/info/cartilha/index.jhtm):

1) troque regularmente suas senhas (eu também prometo tentar fazer isso!);
2) tenha cuidado com programas e anexos enviado por e-mail (eu nunca baixo programas enviados por quem quer que seja, e os anexos eu só vejo daqueles que sei que sempre mandam... mas tem que vir com um recadinho pessoal, porque senão... nem esses);
3) evite sites de conteúdo duvidoso (aqueles que oferecem dinheiro, amor, os números do próxiimo sorteiro da mega-sena ou revelações astrológicas estupendas "quase" de graça...);
4) atualize constantemente seu anti-vírus (e tenha certeza que os vírus se atualizarão com muito mais constância); e,
5) tenha um bom fire-wall instalado nos seus computadores (mas esteja preparado para encontrar alguém cuja maior alegria será derrubar essa parede).




sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

RIO GRANDE DO NORTE SE ESFORÇA PRA NÃO SER LANTERNA


O título da postagem seria ótimo se tratasse do ranking da qualidade da educação, onde o Rio Grande do Norte ocupa a última posição. Antes fosse... A lanterna que o Estado quer passar adiante é da Unidade da Federação onde as custas judiciais são as mais baratas.

O site de noticias jurídicas Migalhas (www.migalhas.com.br), há alguns anos, realiza uma pesquisa nos Tribunais de Justiça do País indagando as custas judiciais para uma causa hipotética com valor de R$10.000,00. 

O Estado Potiguar sempre teve o honroso último lugar. Honroso porque, nesta terra de costumeiro desrespeito ao direito alheio, facilitar o acesso à justiça deveria ser uma preocupação dos administradores das Cortes Judiciais. 

Infelizmente, não era esse o pensamento dos Doutos Desembargadores locais que, na virada do ano, aumentaram a tabela de custas, com auspícios da Goverandora do Estado, em inimagináveis 100%. 

As justificativas foram tristes. Disse o Des. Rafael Godeiro, Presidente da Corte: "O problema é que nós éramos o último Estado em arrecadação de custas processuais. Nós fizemos apenas uma adequação de valores".


Já para o Corregedor do Tribunal, Des. João Rebouças, "nós resolvemos sair da laterna e irmos para o 5º  (sic) lugar do Brasil (de valores mais baixos). Por mim, a gente iria para o meio (da lista)".

Deus nos acuda! 


O site Migalhas buscou se desculpar com os jurisdicionados potiguares: "Da mesma forma que Santos Dumont lamentou profundamente o uso de seu invento para fins militares, Migalhas lamenta que o trabalho de pesquisa realizado tenha sido utilizado para finalidade contrária à pretendida. Com efeito, o que pretendíamos era justamente que os Estados com custas maiores diminuíssem as suas, e nunca o contrário".


É certo que os realmente pobres têm direito à gratuidade da Justiça. A conta da adequação de valores  - para cima - e do "salto" no ranking, então, vai ser paga pelo empresariado (que repassa os seus "custos operacionais") e pela sempre castigada classe média. Valei-me, Santo Ivo, protetor dos Advogados... acho que vou precisar.
Espero que os responsáveis pelo site não escolham o caminho do Pai da Aviação, dando cabo de si mesmo. Também não é pra tanto. Mas que foi mal... foi!

 

sábado, 23 de janeiro de 2010

O HAITI NÃO É AQUI

Tragédia. Dor. Sofrimento. Palavras incapazes de conter todo o significado das consequências do terremoto no Haiti.

Somos minúsculos diante das forças da natureza e o luto pelas perdas é sentimento mínimo diante das imagens alardeadas na mídia.

Essas  misérias, no entanto, estão ao nosso lado. Diariamente. E me sinto envergonhadamente acomodado por não fazer mais para minimizá-las...

Em menos de três horas depois do terremoto, equipes americanas já desembarcavam em Porto Príncipe para restabelecer condições mínimas de tráfego aéreo. Nosso Ministro da Defesa ainda não tinha sequer se mexido. Parece tolice imaginar esse momento como uma "oportunidade" do Brasil se firmar no cenário internacional como peça de suma importância.

Por aqui, nesse País das Oportunidades, a solidariedade humana aparece como desculpa para barganhas políticas. Pelo menos, é o que noticiou Cláudio Humberto (http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/claudio-humberto-1.12113/haiti-doac-o-pode-acabar-em-ong-petista-1.63658):

O presidente Lula, que até hoje não visitou as áreas devastadas pelas chuvas do começo do ano, aquelas que mataram 52 pessoas só no Rio de Janeiro, anunciou ontem logo cedo a doação de US$ 15 milhões ao Haiti a vítimas do terremoto. A estonteante rapidez pode ter explicação: como em doações a outros países, parte do dinheiro pode acabar em ONGs de “trabalho voluntário” e “humanitário” ligadas a petistas.
 “Ainda não sabemos como esse dinheiro chegará ao Haiti”, confessou ontem o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores). Ele sabe, sim.
Apesar da insistência, o governo Lula jamais informou à CPI das ONGs quantas e quais delas recebem dinheiro público brasileiro no exterior.
Ao visitar o Haiti em setembro, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da CPI, se espantou com a invasão de ONGs brasileiras.
ONGs de petistas infestam também países como El Salvador, Bolívia, Cuba e Equador, destinos de “doações humanitárias” do governo Lula.
Rápido na liberação de US$ 15 milhões (R$ 26,4 milhões) para as vítimas do terremoto no Haiti, o governo Lula ainda não depositou um único centavo na conta da prefeitura de Angra dos Reis (RJ) para assistências às vítimas das tragédias que mataram 52 pessoas no Estado do Rio. A informação foi confirmada pela prefeitura, que, para receber os R$ 80 milhões prometidos, precisa “apresentar projetos”.
Claudio Humberto.
 

Esses "joguinhos" são manifestação da mesquinharia. Em contra-ponto ao olhar deste pai com o filho morto nos braços, são indícios de monstruosidade!



(Agência Reuters)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A TEMPO: ENTÃO, É NATAL (PARTE II)

Mais uma.


Alguém poderia me explicar as razões pelas quais o Papai Noel é menor que o duende? Será ele um anão ou o seu ajudante é supervitaminado?

Vamos adiante...





E esse "anjinho" com chapéu de cangaceiro? O chapéu de duas pontas, adornado pela estrela de seis pontas, é criação de Virgulino Ferreira. Segundo o site oficial de turismo do Estado de Pernambuco (http://www.guiapernambuco.com.br/persona/lampiao.shtml): "Enfeitar roupas, chapéus e até armas, com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião". O fato é que - controvérsias acerca das suas razões à parte - os cangaceiros aterrorizaram o Nordeste, invadiam casas e fazendas, estupravam, roubavam e "sagravam" pessoas sem dó. Não combina muito com a imagem de um anjo.

Prossigamos.



Ok. A foto não está boa. Mas, repare bem nas "bandeirinhas" de papel metalizado que cobrem a pista da BR-101, na entrada da cidade. Viva São João! Viva São João... oooops. É Natal.

Pois, que soem as trombetas do Apocalipse.



Contudo, nem só de decoração de gosto duvidoso se fez o Natal em Natal. Sob o olhar inovador da direção de Henrique Fontes, com cenários virtuais belíssimos criados por José Edson Silva e uma trilha sonora formidável (destaque para a batida "lounge" emprestada para o Hino de Sant´Ana na voz maravilhosa de Valéria Oliveira), o Auto de Natal, apresentado entre os dias 21 e 23 de dezembro de 2009,  no Anfietatro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi um presente fabuloso (http://www.youtube.com/watch?v=iCzwXqxA62Q).

Tomara que a próxima decoração se contagie.

A TEMPO: ENTÃO, É NATAL...

Moro em Natal. Até pela vocação ditada pela data de sua fundação, o nome pelo qual foi batizada e crismada, sempre imaginei que, embora o calor de dezembro não nos remeta necessariamente à idéia de paraíso, esta seria a cidade ideal para vestir os trajes mais iluminados nessa época do ano.

Natal em Natal é mais que um slogan. É um destino a ser assumido para que se faça aqui, uma festa de geração de emprego e renda, de diversão e cultura, de religiosidade e alegria.

No ano anterior (2008), a decoração da cidade começou com umas pequenas cruzes plantadas nos canteiros centrais da Avenida Hermes da Fonseca. Iluminadas, à noite, pareciam compor o cenário de Halloween. De dia, era a reprodução de um cemitério militar. Tudo bem, é festa cristã... mas a celebração não é da Paixão. A decoração não resistiu às críticas e foi logo alterada para tradicionais luzes nas árvores. Nada muito criativo, nada muito bizarro.

Esse ano, verificamos que o fundo do poço do Natal Fashion Desing tem porão. Quando os primeiros enfeites começaram a mostrar, literalmente, a cara nas ruas, os mais afoitos cairam matando. Os organizadores pediram tempo. A obra ainda não estava completa.

Bem... se no dia 23 de dezembro (data em que as fotos abaixo foram feitas) ela não estava, a conclusão ficará para o Natal do próximo ano. Então, não serei precipitado em traçar algumas pequenas críticas, que espero, construtivas, visando aprefeiçoar os desempenhos futuros (como eu aprendi ser o objetivo da crítica). E com imagens.

Então, vejamos a primeira:


A idéia, em si, não é ruim. Natal é a Cidade do Sol. O Sol com chapéu de Papai Noel. Um trocadilho fácil. Mas... precisava esse sorriso bobo e esses olhinhos vermelhos? O que terá ele fumado?

A próxima.



Você consegue identificar uma árvore de Natal nesta foto? Pois é. Ela está aí, em torno dessa torre metálica acendem-se centenas de luzes. Obviamente, à noite. Durante o dia é essa beleza.

Mais uma.

(Continua.)




segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

DO COMEÇO AO FIM SEM O MEIO


Uma relação incestuosa e homossexual é o argumento forte do novo filme do Aluísio Abranches, "Do Começo ao Fim". Ao contrário do chocante "Um Copo de Cólera", nesta produção o cineasta optou por uma abordagem sutil. Tão sutil que chega a aparentar inexistência de conflito. Conflito que deveria ser a mola mestra do filme. O sub-texto é rico, mas fica-se com a impressão de que a história, na verdade, não foi filmada, ela passa ao largo da câmera.

Tudo é belo, harmônico e feliz, como numa propaganda de margarina. As perdas na vida dos personagens centrais - em 30 segundos de filme, o mais velho perde o pai, a mãe dos dois também morre, a govertanta-amiga-confidente da família se muda sem contar (pelo mesmo para o público) a razão e para onde, e o pai do mais novo deixa a casa (sob a alegação, forçadíssima, de que estava mais do que na hora dos dois morarem sozinhos) - constituem os pontos mais angustiantes da trama (eu escrevi "trama"?).

Talvez tenha sido intencional, mas o único momento em que é manifestado um ligeiro desconforto com a relação de Tomás e Francisco, ocorre em uma fala do padastro do mais velho e pai do mais novo, interpretado apenas corretamente pelo Fábio Assunção:  "eu não estou sabendo lidar com essa situação", diz ele à mãe dos dois (esta sim, brilhantemente vivida por Júlia Lemertz), para, na sua aparição seguinte, mostrar-se o mais compreensivo dos pais-padastros.

E é só. No mais, muitos sorrisos e romance tão açucarado que o filme deveria alertar os riscos para os diabéticos. Algumas cenas beiram a pieguice. Outras são piegas mesmo. Se a idéia era narrar uma história de amor possível diante dessas circunstâncias, 15 minutos de filme teriam sido suficientes.

Logicamente, a simples menção da relação retratada é provocativa e não foi a intenção fazer um filme redentor ou levantar bandeiras. É um romance. Uma história de amor, um amor complexo simplificado pela mão de Aluísio Abranches.
O maior equívoco, no entanto, decorre do próprio título. É retratada a infância dos dois irmãos, o princípio da intimidade inocente e amor fraterno; e a vida aduta, a entrega física e o estabelecimento de uma relação verdadeiramente homoafetiva. Mas, cadê o meio? A adolescência é, por si só, um período de conflitos psicológicos pra qualquer um. O que dizer, então, de dois irmãos apaixonados, desejosos um do outro? Para o Aluísio Abranches, aparentemente, Tomás e Francisco não passaram por isso, ou ele não achou relevante narrar como eles ultrapassaram essa fase.