sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE


A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou 500 mil pessoas em repúdio ao comunismo. O que se seguiu, todo mundo sabe.

Mas, o título bem serveria para a "carta mensagem" divulgada hoje pela candidata à Presidência da República Dilma Rousseff. Nela a presidenciável renega sua posição favorável à discriminalização do aborto, manifestada mais de uma vez no passado recente (por exemplo, em sabatina na Folha em 2007 e em entrevista em 2009 à revista "Marie Claire"). Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o "texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão". Arremata dizendo que a família será o foco de seu eventual governo.

O documento opta por se esquivar de "temas tabus", fugindo de se posicinar diretamente acerca  da polêmica em torno da união civil entre homossexuais, adoção por casais gays, ou regulamentação da prostituição (temas que faziam parte do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, o qual, segundo a candidata está sendo "revisto"), sustentando que, se eleita, não pretende promover "nenhuma iniciativa que afronte à família".

Tão em cima do muro que parece coisa de tucano. 

O documento foi produzido sob a pressão de lideranças religiosas. Mas... nosso Estado não é laico???

Tomo a liberdade de transcrever o comentário do meu amigo Robson Medeiros:

"Diante da "agenda religiosa" dos candidatos Serra e Dilma, na reta final das eleições, a verdadeira vencedora das urnas será a hipocrisia. Num piscar de olhos, voltamos às trevas da Idade Média e aos calabouços da ignorância, do preconceito e do atraso. Pobre país do futuro".




quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O PARADOXO TIRIRICA

"Qualé? Qual foi? Por que é que tu tá nessa?" Foi por causa da Florentina, Florentina de Jesus... E lá vai ele, tomar assento no Congresso Nacional, com o indiscutível respaldo de mais de um milhão e trezentos mil votos do estado mais desenvolvido (sic) do País.

Há quem diga que foi protesto. Há quem diga que é a legítima representação de um povo igualmente semi(an)alfabetizado. Um golpe de marketing, com certeza. A campanha, como não podia deixar de ser, foi uma palhaçada de indiscutível apelo popular. 

No entanto, para saber exatamente a troco de quê ele foi catapultado nessas eleições, acho que precisamos refletir sobre o Partido que o lançou, afinal de contas impulsionado pelos votos dos dois deputados federais mais votados do país, o Partido da República conseguiu praticamente dobrar o número de eleitos na Câmara dos Deputados em relação a 2006, e é o partido com a quinta maior bancada.

O Partido da República nasceu no final de 2006 como resultado da fusão do PL (Partido Liberal) com o Prona (legenda criada por Enéas Carneiro 1938-2007). Em 2009, ganhou filiados e inchou, com a chegada de nomes como Clodovil Hernandes, que Deus o tenha.

Ok, ok... o Brasil não tem lá uma grande história de força dos partidos políticos. Mas... é um indício. Ver o ilustre deputado na companhia de Inocêncio de Oliveira (lembra dele? memória curta, né?) e Anthony Garotinho dá "meda"!!!

E, contrariando o slogan da campanha, eu acredito que nada é tão ruim que não possa ser piorado.