quarta-feira, 14 de abril de 2010

CUIDADOS PALIATIVOS NO NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Em cerimônia realizada nesta terça-feira, 13 de abril, autoridades médicas e políticas, entre elas o Ministro da Saúde José Gomes Temporão, celebraram a entrada em vigor do novo Código de Ética Médica.O Ministro Temporão destacou a modernidade dos conceitos abordados na nova norma, ressaltando que "o ser humano deve ser o centro das nossas atenções".

Pela primeira vez, o texto normativo da atividade médica trata de cuidados paliativos, conjunto de técnicas médicas voltadas para pacientes com doenças graves com o objetivo de diminuir seu sofrimento. Diz o texto: "Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal".

Em verdade, trata-se de primazia da realidade sobre o ideal. A medicina reconhece sua limitação científica na dignidade do paciente, no caráter anti-ético do prolongamento artificial do processo de morte, com sofrimento para o doente e seus familiares.

O tema é debatido há alguns anos na Câmara Técnica sobre Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos,  do Conselho Federal de Medicina, onde encontrou eco para as experiências vividas no mundo acadêmico, como as desenvolvidas na Divisão de Neonatologia do Centro de Atenção à Saúde da Mulher da Universidade de Campinas. Ali, a prática dos cuidados paliativos já não é novidade, onde um grupo coordenado pela pediatra JUSSARA DE LIMA E SOUZA, trabalhando além das perspectivas e das possibilidades de cura, busca ajudar pacientes e familiares a ultrapassarem o difícil momento da morte, que marca "uma história de vida, não importa o tamanho que essa vida tenha. Nosso trabalho é cuidar bem dessa história. Da vida", como afirma a médica.

Sim, nossa passagem por aqui é limitada. Sim, haverá dor no momento da partida. Mas, como Drummond já escreveu, "a dor é inevitável. O sofrimento é opcional." Que a medicina continue evoluindo para minimizar nossos sofrimentos.

Em tempo: o sobrenome não é uma coincidência.


Um comentário:

  1. Ótimas notícias e observações, Renato. Dignidade em qualquer circustância! Bjs

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