quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os Meus Dez Mais de 2010

É comum, ao fecharem as cortinas de uma temporada, fazer-se balancetes, avaliar resultados, verificar o quanto caminhamos para uma humanidade melhor... ou para o fim do mundo "dito" civilizado. Para mim, o que nos aconteceu de bom deve sempre marcar as lembranças a serem registradas.

Pois eu também vou me arriscar a fazer uma lista (em alguns pontos, um tanto particular, devo confessar). Então, lá vai meu registro. A ordem é abstolutamente aleatória.

1) Fim da "Era" Lula: para o bem (ou para o mal), há de se reconhcer, nosso quase ex-Presidente é um fênomeno de popularidade. Com certeza, sua política assistencialista é a maior razão disso. Mas, a fome não é a melhor das conselheiras, e não se pode negar os méritos experimentados nesses oito anos.Diziam que ele transferiria votos até para um poste. Fez muito mais que isso...

2) "Sua Incelência Ricardo III": o grupo "Clowns de Shakespeare", sob a direção do brilhante Gabriel Vilela levou aos palcos (no sentido figurado, já que o espetáculo ocupou espaços deliciosamente mambembes), uma criação que me levou a 80 minutos de puro êxtase artístico.

3) Facebook/Wikileaks: a rede já havia deixado de ser apenas um aparato para cochilos depois do almoço pra estabelecer padrões de comportamento. Esses dois fenômentos (Facebook/Wikileaks) se inseriram - o primeiro - nas relações humanas como suporte para contatos e milhões de amizades virtuais (no mais das vezes, tão reais ou realizáveis...) e - o segundo - na exposição de realidades institucionais marcadas pela hipocrisia. Revoluções, revoluções, revoluções...

4) Sociedade Argentina: nossos amigos portenhos legalizaram os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Lição de civilidade e respeito às diferenças num Estado verdadeiramente laico.

5) Chá da Alice/Gambiarra: as festas no Rio são certezas de diversão!

6) Artes Plásticas: esse ano, meus aplausos vão para as exposições de José Bechara e Anita Malfati, e a polêmica participação de Gil Vicente na Bienal de São Paulo. Adorei!
7) Sete anos: crises e superação. O amor está no ar!!!!!

8) Hair: a montagem brasileira do espetáculo mítico da Broadway, escrito por George Ragni e James Rado, aqui conduzido pelos talentosos Cláudio Botelho e Charles Möeller, celebrando a filosofia de "paz e amor", além da inquestionável qualidade artística, fez lembrar que guerras - interiores ou entre nações, no seio da família ou nos campos de batalha, com as pessoas que nos rodeiam ou em distantes países - são sempre estúpidas.

9) Buraco da Catita: depois de uma quase interminável reforma, o espaço mais gostoso de Natal reabriu suas portas, com a mesma qualidade das atrações musicais e da cerveja gelada, para o público descolado que está sempre por lá.

10) Anivershow e Carreira Solo: minha vida pessoal!!! 45 anos completados em outubro, com uma experiência musical-teatral-festiva, e o apoio luxuoso de Henrique Fontes, Diogo Guanabara, Henrique Pacheco, Sami Tarik, Laurence e Monique. Muito emocionante. Marcou também o início da carreira advocatícia solo: depois de mais de 10 anos sob a sombra de uma frondosa árvore (que não me deixava mais crescer), e uma frustrante tentativa de parceria (a decepção do ano!), me arrisquei sair à luz do sol, montando meu próprio escritório. Estimulante amadurecimento.

Que venha 2011, com mais motivos para alegrias!!!! Saúde e Paz pra todo mundo!!!!!!!!!!!!!!






terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Então, é Natal!!!

Essa música sempre me incomodou: "Então é natal, e o que você fez?" Credo, parecia uma cobrança. Nunca me acostumei com essa idéia. Sempre imaginei que essa época do ano, independente de credo, cor, time favorito ou tamanho do pé fosse o momento para exercitarmos os sentimentos que deveríamos externar o ano inteiro: tolerância, amor, solidariedade...
Então, é Natal... que esses sentimentos possam inundar sempre vocês.
E vejam que filminho lindo: http://www.youtube.com/watch?v=tgtnNc1Zplc
Feliz Natal, amigos digitais!
Beijos.

PS. Depois do Facebook (que egorda escandalosamente a conta bancária do seu criador, fiquei tão relapso com esse blog... Perdão aos meus fiéis seguidores. Um beijo especial pra vocês.)

Árvore de Natal em Natal (este ano ficou bonitinha!!!)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE


A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou 500 mil pessoas em repúdio ao comunismo. O que se seguiu, todo mundo sabe.

Mas, o título bem serveria para a "carta mensagem" divulgada hoje pela candidata à Presidência da República Dilma Rousseff. Nela a presidenciável renega sua posição favorável à discriminalização do aborto, manifestada mais de uma vez no passado recente (por exemplo, em sabatina na Folha em 2007 e em entrevista em 2009 à revista "Marie Claire"). Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o "texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão". Arremata dizendo que a família será o foco de seu eventual governo.

O documento opta por se esquivar de "temas tabus", fugindo de se posicinar diretamente acerca  da polêmica em torno da união civil entre homossexuais, adoção por casais gays, ou regulamentação da prostituição (temas que faziam parte do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, o qual, segundo a candidata está sendo "revisto"), sustentando que, se eleita, não pretende promover "nenhuma iniciativa que afronte à família".

Tão em cima do muro que parece coisa de tucano. 

O documento foi produzido sob a pressão de lideranças religiosas. Mas... nosso Estado não é laico???

Tomo a liberdade de transcrever o comentário do meu amigo Robson Medeiros:

"Diante da "agenda religiosa" dos candidatos Serra e Dilma, na reta final das eleições, a verdadeira vencedora das urnas será a hipocrisia. Num piscar de olhos, voltamos às trevas da Idade Média e aos calabouços da ignorância, do preconceito e do atraso. Pobre país do futuro".




quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O PARADOXO TIRIRICA

"Qualé? Qual foi? Por que é que tu tá nessa?" Foi por causa da Florentina, Florentina de Jesus... E lá vai ele, tomar assento no Congresso Nacional, com o indiscutível respaldo de mais de um milhão e trezentos mil votos do estado mais desenvolvido (sic) do País.

Há quem diga que foi protesto. Há quem diga que é a legítima representação de um povo igualmente semi(an)alfabetizado. Um golpe de marketing, com certeza. A campanha, como não podia deixar de ser, foi uma palhaçada de indiscutível apelo popular. 

No entanto, para saber exatamente a troco de quê ele foi catapultado nessas eleições, acho que precisamos refletir sobre o Partido que o lançou, afinal de contas impulsionado pelos votos dos dois deputados federais mais votados do país, o Partido da República conseguiu praticamente dobrar o número de eleitos na Câmara dos Deputados em relação a 2006, e é o partido com a quinta maior bancada.

O Partido da República nasceu no final de 2006 como resultado da fusão do PL (Partido Liberal) com o Prona (legenda criada por Enéas Carneiro 1938-2007). Em 2009, ganhou filiados e inchou, com a chegada de nomes como Clodovil Hernandes, que Deus o tenha.

Ok, ok... o Brasil não tem lá uma grande história de força dos partidos políticos. Mas... é um indício. Ver o ilustre deputado na companhia de Inocêncio de Oliveira (lembra dele? memória curta, né?) e Anthony Garotinho dá "meda"!!!

E, contrariando o slogan da campanha, eu acredito que nada é tão ruim que não possa ser piorado.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Apologia?????

O Presidente da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Luiz Flávio Borges D'Urso, divulgou nota pública informando que estava oficiando os curadores da Bienal de Arte Contemporânea de São Paulo para que as obras da série "Inimigos", do artista plástico pernambucano Gil Vicente (http://www.gilvicente.com.br/) não fossem exibidas naquela importante mostra. O argumento:

"Certamente não se pode impedir que uma obra seja criada, mas se deve impedir que seja exposta à sociedade em espaço público se tal obra afronta a paz social, o estado de direito e a democracia, principalmente quando pela obra, em tese, se faz apologia de crime."

Falta de conhecimento sobre arte? Falta de espírito democrático? Falta do que fazer? Indagações, indagações, indagações...

Ora, Senhor Presidente, representar artisticamente um crime não equivale a recomendar sua execução. Assim, retratar um assassinato não significa fazer apologia ao homicídio. É o espectador quem dará significado aos desenhos de Vicente. A obra de arte é apenas uma representação que adquire valor subjetivo para quem a observa.

Vossa Excelência imagina que a representação de Jesus Cristo martirizado é a incitação à cruxifição? Credo!

Se a liberdade de expressão é um valor a ser defendido, e isso a OAB que eu conheço sempre prezou, o que dizer da liberdade de expressão artística? A tentativa de controle social por meio da supressão de obras de arte chama CENSURA.

É isso que o Ilustre Senhor Presidente da OAB/SP está promovendo. Ainda bem que a minha seccional é outra.


Autorretrato matando Ahmadinejad, 2010, carvão sobre papel, 200 x150 cm
GIL VICENTE

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Buraco da Catita - Nota de Esclarecimento pela Diretoria

Pela Direção do Buraco da Catita
enviado por e-mail

A respeito do fato lamentável ocorrido na madrugada desta sexta (2), o Espaço Cultural Buraco da Catita esclarece:

O crime aconteceu na rua CÂMARA CASCUDO (e não dentro do Espaço Cultural ou no largo da Catita), no momento em que o estabelecimento estava cerrando as portas, finalizando o expediente.

Os envolvidos, que estavam nas proximidades na hora do ocorrido, não eram clientes do estabelecimento, nem participavam da festa. Segundo informações da polícia e da imprensa, os dois homens que morreram são operários de uma construtora. Eles eram de Ceará-Mirim e trabalhavam em um empreendimento próximo ao local onde foram assassinados.

O Buraco da Catita desde que reabriu tem procurado tanto a SEMSUR (solicitando fiscais para ordenamento dos ambulantes), quanto o COMANDANTE DA POLICIA MILITAR. Para esse último, através de um ofício, solicitou uma ronda policial permanente no local nas 5as e 6as. O Coronel nos recebeu pessoalmente no dia 17/08 (temos cópia do ofício com o "recebido"), foi muito simpático e prometeu que atenderia nosso pleito.

Por fim, esperamos que tudo isso seja uma oportunidade de debate e para que todos se unam (empresários, sociedade e poder público) por uma Ribeira verdadeiramente revitalizada e SEGURA.

Direção do Buraco da Catita.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Evolução ou mistificação?

As varas da Fazenda Pública da Comarca de Natal são – ou eram –, notoriamente, as mais morosas da Justiça Estadual do Rio Grande do Norte. Estou certo que muita gente há de discordar, afinal de contas, a disputa é acirrada.


Talvez por isso – ou apesar disso – foram elas as primeiras da justiça comum a enveredar pelos caminhos do processo virtual.

Maravilha! Nada mais de amontoados de autos bolorentos provocando rinites intermináveis!!!

Pois é. Não façamos um julgamento em tempo real. Não está sendo tão bom assim.

Fui hoje distribuir uma ação ordinária da competência da Fazenda Pública, tudo bem digitalizado no meu recém-adquirido “pen drive”, em arquivos PDF (como exige a preferência do sistema), mas com a papelada toda debaixo do braço. Devo confessar, sob o risco de revelar o amarelo da minha certidão de nascimento, que as modernidades eletrônicas que nos livrarão do papel me assustam um pouco.

A tarefa que, em tempos de justiça lenta, levaria não mais que cinco minutos, me tomou mais de duas horas. Isto para ultrapassar o juízo de admissibilidade dos limites de tamanho de arquivo, da necessidade de passar os registros do pen drive para um CD (a razão para isso ultrapassou os limites do meu entendimento, já que o computador aceitava um e outro), e outros percalços mais prosaicos (“Dr., o sistema não permite cadastrar ‘Ação Ordinária’. Pode ser ‘Procedimento Ordinário’?).

Ah... a papelada foi útil.

Primeiro, porque precisei re-digitalizar dois arquivos que estavam maiores que a capacidade de admissão do “sistema”. Na minha matemática pré-informática, um mais um era igual a dois. Para o ajuizamento da minha ação, um mega mais um mega é diferente de dois megas. Vá entender.

Por fim, o recibo do ajuizamento da ação não pode ser eletrônico. Houve a necessidade da velha e boa contra-fé na minha cópia. Em papel.

Em tempo: eu adoro a modernidade. Desde que venha para facilitar nossa vida! Hoje, não foi o caso.