sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SERÁ PARA ESQUECER?


Fernando Henrique Cardoso nega, mas a lenda narra que, ao ser questionado sobre seu passado de sociólogo-socialista em contraponto à sua conduta neo-liberal, ele teria pedido para esquecerem o que escreveu. Justamente por seus escritos, esse Presidente da República (em algum lugar ouvi dizer não ser aceitável usar "ex" para os Presidentes...) esteve no centro da polêmica crítica da semana, em função de um artigo publicado na imprensa sob o título: PARA ONDE VAMOS? (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2703129.xml&template=3898.dwt&edition=13422&section=1012)

Não precisamos descer ao detalhe do espírito oposicionista ao Governo Federal dos veículos da matéria, para antever a rajada de metralhadora disparada contra Luis Inácio.

Para quem foi vidraça, ser pedra é um passeio. Mas como cobrar certa coerência de alguém que afirmou "as hipóteses de reeleição e de deixar a mulher não são comigo", para mais tarde vender a alma (e, dizem, comprar votos no Congresso) em garantia da sua própria recondução ao cargo?

Isso, de forma alguma, desmerece a análise... como um todo.

FHC aponta falhas - inegáveis - na ordem política do Brasil, mas como se não tivesse nada a ver com elas.  Todas seriam obra e mérito do seu sucessor. Ora, meu caro Professor  Honoris Causa, não seja tão modesto. Ouso pensar que nem mesmo o José Serra teria sido tão continuista quanto foi o Lula. E o julgamento da denúncia perante o Supremo Tribunal Federal acerca do chamado "Valerioduto Mineiro" (segundo o Ministério Público Federal, trata-se de um esquema de lavagem de dinheriro utilizado pelo PSDB para re-eleger Eduardo Azeredo como Governador de Minas Gerais), precurssor do "Mensalão do PT" (procedimento ainda sob investigação judicial sobre pagamento de propina pelo Governo Lula para congressistas se alinharem às suas "propostas"), está aí para mostrar o quanto das mazelas apontadas no artigo tem suas raízes fincadas no modus operandi do Governo do próprio articulista.

Não foram poucas as manifestações sobre o texto. Enquanto alguns, como o José Agripino Wordpress (advinha de quem é?) recomenda a leitura, afirmando que "em texto brilhante, o presidente Fernando Henrique Cardoso acerta na mosca com relação aos riscos que o Brasil vive com o atual governo" (http://joseagripino.wordpress.com/2009/11/04/para-onde-vamos-de-fernando-henrique-cardoso/), o Portal Vermelho (ganha um cd com versão remix da "Internacional" quem souber o motivo da cor do portal)  atesta que  a matéria defende as "mesmas idéias que, em 1945, levaram à deposição (pela direita militar com apoio explícito da embaixada dos EUA) do presidente Getúlio Vargas, justamente quando ele se aliava às forças democráticas e nacionalistas contra as forças do atraso" (http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=633&id_secao=16).

Bom, na minha modesta opinião, o texto não é brilhante. Aliás, beira o óbvio ululante (ooops, um trocadilho infame).  Os riscos vividos pelo Brasil não são mérito apenas do governo atual.  Tão pouco é simples delírio capitalista. Registre-se ainda que, em 1945, Getúlio Vargas (na época, o DITADOR Getúlio Vargas) viu-se compelido a deixar a Presidência pela impossibilidade de conciliar a sua simpatia pelas Forças do Eixo (Alemanha Nazista, Itália Fascista e Japão Doido Varrido) - nada democráticas, por sinal - com o ingresso do Brasil na II Guerra Mundial justamente contra elas.

De minha parte, creio ser o maior mérito da publicação nos lembar a inexistência de "partidos  políticos" no Brasil. Os que assim se nomeiam são aglomerados de pessoas defendendo interesses de grupos. Um tapa na cara do PSOL, PDT, PMDB, PSB, PPS , PR, PP e outros partidos de aluguel, mais interessados em uma fatia de poder do que em comprometimento ideológico. O PT do Lula e o PSDB do Fernando Henrique, em verdade, há muito tempo não polarizam nenhum discurso político-filosófico.

Neste cenário, não devem ser esquecidos os fatos preocupantes apontados por Fernando Henrique Cardoso. Mas também não vamos ignorar como chegamos até aqui, para responder à pergunta título do artigo. Assim, poderemos caminhar na direção de um futuro melhor. E menos hipócrita.

MAIS DO MESMO
HUBERT, HUMORISTA DO CASSETA & PLANETA
UM MOMENTO "FHC": "Assim não pode. Assim não dá."
UM MOMENTO "LULA": "Nunca antes na história desse País..."

 






Um comentário:

  1. renato, meu amigo, vc está a cada post melhor... sua análise e perspectiva da história bem recente (que a gente já esqueceu, inclusive eu) são incontestáveis. pena o lula e sua eficiente secretária não terem ao seu dispor esse tipo de contra-resposta, ah, aí a acompanhar a novela política ia ser tão mais interessante do que a novela das 8! bjs

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