sexta-feira, 14 de maio de 2010

QUAE SERA TAMEN

Ainda que tardia, haverá justiça?

Mais de vinte e um anos após de ter assassinato de sua EX-esposa,  Maristela Just, e agredido seus dois filhos e seu ex-cunhado, o comerciante José Ramos Lopes deveria ter sido julgado ontem, 13 de maio de 2010, em Jaboatão dos Guararapes/PE.

No entanto, a sessão do Tribunal do Jurí não pôde acontecer, pois o réu não compareceu, frustrando a expectativa daqueles que (ainda) creem ser possível fazer justiça.

O motivo do crime, segundo Gil Teobaldo, pai e advogado do réu, foi legítima defesa... da horna. Essa tese é uma invenção do criminalista Evandro Lins e Silva que, na década de setenta, defendeu Doca Street, assassino confesso de Ãngela Diniz. Na época, colou, e o playboy de boa índole recebeu uma pena irrisória pela morte da lasciva Pantera de Minas de Gerais. Em um segundo julgamento, no entanto, o criminoso foi condenado há uma pena de 15 anos. Pouco, realmente. Muito pouco.

No eco pernambucano dessa obsoleta teoria, encontra-se a desfaçatez do genitor do assassino: "Digo a vocês sem nenhum constrangimento: se não matasse, não comia na minha mesa. Um homem tem que ter brio, tem que ter dignidade, tem que preservar a honra - um homem tem que se sentir acima das circunstâncias". 

Prefiro não comentar.

Os filhos da vítima, Nathália Just (na ocasião do crime, com 4 anos de idade, ela foi atingida no ombro) e seu irmão Zaldo Just (ele tinha 2 anos, e ficou com o lado esquerdo do corpo paralisado por ter sido alvejado na cabeça), prestaram declarações de confiança na Justiça, na esperança de que ela seja feita no dia 1º de junho, nova data do julgamento.

Veja mais informações no blog de Nathalia Just (http://casomaristelajust.blogspot.com/)

2 comentários:

  1. Dr. Renato, muito boa a reflexão. É triste saber que a tese da legítima defesa da honra, que pra mim não se justificava nem da década de 70, está sendo levantada para defender mais um crime bárbaro, e com palavras que, como o Sr. expôs, não merecem comentários.
    Não obstante, o foco deve prevalecer sobre o adiamente do julgamento, pois adia-se uma dor, prolonga-se um sofrimento que, para mim, felizmente, é inimaginável.
    O corajoso que atirou contra a própria família agora se transforma em um covarde.

    Luiza Barreira

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  2. Eu não conhecia esse caso, que bom Renato, que você reproduz essa história e acrescenta sua opinião para que a gente não deixe de se indignar e clamar por justiça. E o nome da família é Just, que destino...

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